A cor para cobrir a cruz na Sexta-Feira Santa
Quem explica é o pe. Edward McNamara, LC, professor
de teologia e diretor espiritual
Roma, (Zenit.org)
Pe. Edward McNamara, L.C.
Um leitor [de Zenit] dos EUA
apresentou a seguinte pergunta ao padre Edward McNamara:
“No Novo Missal Romano, a cor para
cobrir a cruz é o roxo, mas a cor dos paramentos é o vermelho. Notei que
várias igrejas usam o vermelho, inclusive o Vaticano. Qual é a cor correta
para se cobrir a cruz na Sexta-Feira Santa?” M.P., St. Petersburg,
Flórida
Publicamos abaixo a resposta do
padre Edward McNamara.
O Missal Romano diz textualmente o
seguinte para o quinto domingo da quaresma:
"O costume de cobrir as cruzes
e as imagens da igreja pode ser observado se a conferência episcopal assim
decidir. As cruzes permanecem cobertas até o fim da celebração da Paixão
do Senhor, na Sexta-Feira Santa, mas as imagens permanecem cobertas até o
início da Vigília Pascal".
Nenhuma cor específica é mencionada,
mas é razoável assumir que seja o roxo, porque é a cor tradicional e
corresponde ao tempo litúrgico.
O missal é mais específico no
tocante ao primeiro modo de mostrar a cruz na Sexta-Feira Santa: "O
diácono, acompanhado por ministros idôneos, vai à sacristia e, acompanhado
por dois ministros com as velas acesas, parte em procissão carregando a
cruz, coberta por um pano roxo, pela nave central da igreja".
Na forma extraordinária, o roxo é
prescrito tanto para a Sexta-Feira Santa quanto para cobrir todas as
imagens e cruzes expostas à veneração pública, antes das vésperas que
precedem o primeiro domingo da Paixão (quinto domingo da quaresma no
calendário atual). Imagens como as da via-crúcis, bem como pinturas,
mosaicos e outras obras de arte colocadas em áreas das paredes, não
precisam ser cobertas.
Como apontado pelo nosso leitor, no
entanto, o Santo Padre tem usado um pano vermelho, nos últimos anos,
durante a celebração da Sexta-Feira Santa. Este pode ser considerado um
uso especial da liturgia papal, semelhante à tradição que indica os
paramentos vermelhos para serem usados no funeral de um papa.
De acordo com o grande historiador
da liturgia, mons. Mario Righetti, a origem da prática de ocultar as
imagens deriva provavelmente de um costume, em uso na Alemanha a partir do
século IX, de estender um grande pano diante do altar no início da
quaresma. Esse tecido, chamado Hungertuch (“pano da fome”), escondia o
altar inteiramente durante a quaresma e só era removido durante a leitura
da Paixão, na Quarta-Feira Santa, com as palavras "o véu do templo se
rasgou em dois".
Alguns autores acreditam que havia
uma razão prática para este costume: os fiéis, muitos deles analfabetos,
precisavam de um modo para saber que se estava na quaresma. Outros
argumentam que era um resquício da antiga prática da penitência pública,
durante a qual os penitentes eram ritualmente expulsos da igreja no início
da quaresma. Quando o ritual da penitência pública caiu em desuso e toda a
congregação entrou simbolicamente na ordem dos penitentes ao receber as
cinzas, deixou de ser possível “expulsá-los” do recinto da igreja. Em vez
disso, o altar ou "Santo dos Santos" passou a ser escondido da
vista de todos até a reconciliação com Deus na Páscoa.
Por razões semelhantes, mais tarde,
na Idade Média, as imagens de cruzes e santos também começaram a ser
cobertas desde o início da quaresma. A regra de limitar o costume ao tempo
da Paixão veio mais tarde e não apareceu antes da publicação do Cerimonial
dos Bispos, no século XVII.
Depois do Vaticano II, houve
movimentos para abolir a cobertura das imagens, mas a prática tem
sobrevivido, ainda que de forma mitigada.
(22 de março de 2013) © Innovative Media Inc.
(22 de março de 2013) © Innovative Media Inc.
Fui consultar a Terceira Edição Típica do Missal Romano, em latim, e constatei que agora se prescreve a cor do véu: "15. Diaconus cum ministris vel alius minister idoneus adit sacristiam, ex qua processionaliter affert Crucem, VELO VIOLACEO OBTECTAM, per ecclesiam ad medium prebyterii, comitantibus duobus ministris cum candelis accensis". Esse texto aparece em português na resposta do Pe. Edward McNamara.
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